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Confira os jornais. Não precisa ser os de hoje, de qualquer dia. “Greve ilegal dos motoristas de ônibus para São Paulo”, “ONU rebaixa para 1,7 o PIB de 2014”, “Curitiba entre as cinco cidades com maior taxa de homicídios”. “Brasil tem segunda pior distribuição de renda em ranking da OCDE”, “Barbosa defende PEC que eleva salário de ministros do STF a quase R$ 40 mil”.
O que vamos fazer diante disso?
Stephanie Hassel, autor de Indignai-vos, que morreu em fevereiro, aos 95 anos, tem uma mensagem instigante ante a realidade mundial e a cena brasileira. Defende a insurreição pacífica – o oposto do que se tenta produzir como protesto às vésperas da Copa do Mundo.
Diplomata, colaborador de De Gaulle, ex-membro da Resistência francesa na 2ª. Guerra Mundial, tornou-se um fenômeno editorial em 2010. O livro já vendeu mais de 4,5 milhão de exemplares em todas as línguas. Foi adotado pelo movimento dos Indignados, que tomou as ruas das principais capitais europeias em manifestações contra a ditadura do capital financeiro. No Público, de Portugal, há uma matéria de Ana Dias Cordeiro sobre o homem e sua vida.
Indignai-vos advoga uma solução pacífica para a crise mundial desencadeada pelo que chama de movimento produtivista. Pede “um tempo em que a preocupação com a ética, a justiça, o equilíbrio sustentável, deve prevalecer”.
Lembra que “os dez primeiros anos do século 21 foram um período de recuo, de marcha à ré. Esse recuo eu explico – em parte – pela presidência norte-americana de George Bush, pelo 11 de Setembro, com as consequências desastrosas para os Estados Unidos nas atitudes que tomaram, como a intervenção militar no Iraque.”
“Tivemos a crise econômica, mas nem por isso se iniciou uma nova política de desenvolvimento. De mesma forma, a cúpula de Copenhague, contra o aquecimento climático não resultou numa verdadeira política para preservação do planeta. Estamos em um patamar entre os horrores da primeira década e as possibilidades das décadas seguintes. Mas devemos ter esperança, devemos ter esperança sempre”.
Hessel termina Indignai-vos afirmando que a ameaça do fascismo não desapareceu totalmente, “e nossa cólera contra a injustiça permanece intata. Por isso, apelamos sempre para para uma verdadeira insurreição pacífica contra os meios de comunicação de massa, que, como horizonte para nossos jovens, só sabem propor o consumo de massa, o desprezo aos mais fracos e à cultura, a amnésia generalizada e a competição desenfreada de todos contra todos”.
E finaliza: “A todos aqueles e aquelas que construirão o século 21 dizemos com carinho: CRIAR É RESISTIR. RESISTIR É CRIAR.”
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