O caos. Como estava previsto

arvore

Galho de ipê caiu sobre a Nicolau Maeder. São 22h e ainda há muito trabalho..


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gggggg

Era só a copa do ipê de 20 anos. Se caisse sobre seu carro, perda total.


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Há tardes em que Curitiba fica tão quente como Macapá ou Bangkok. Um calor grudento, que convida a arrancar a gravata e correr para o ar condicionado.

Lá pelas cinco da tarde parece que a cidade ganha pernas e segue para o norte do paralelo 25, à procura do Equador.

Ai, cai a tempestade.

Ontem, diz o jornal, além da água que desceu em grandes pingos, foram 40 mil raios em sete minutos.

Sob a chuva forte, passei pela Igreja do Divino Espírito Santo, engatei uma terceira e prossegui pela Carlos Pioli até a esquina da Nilo Peçanha.

Então tudo engarrafou.

O semáforo não funcionava, a exemplo de 200 outros equipamentos de sinalização espalhados pela cidade, que pifam ao primeiro raio.

Preso no tráfego ao lado de centenas de motoristas irritados, descobri que esta é uma esquina perigosa, fatal para quem vacila. Mão dupla para oeste, mão dupla para o norte, mão dupla para o sul, mão dupla para o leste.

Procurei alguém da Setran. Ninguém. (Estamos a trezentos metros da Prefeitura.) Nem um guarda municipal para emprestar um pouco de respeito ao caos. Passou das seis, desconfio que foi tomar uma gelada.

Penso no nosso Secretário do Meio Ambiente, o afamado professor Renato Eugênio de Lima. Ele é autor de quatro livros sobre desastres ambientais. Além de mestre da Universidade Federal do Paraná-UFPR, com pós-graduação na Universidade de Brasília e na École de Mines de Paris, ele é o criador do Nucleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e do Centro de Apoio Científico em Desastres – CENACID/UFPR.

Infelizmente, o Secretário não aparece para assumir a coordenação das medidas de defesa civil.

As emergências estão apenas começando. Exigem ações coordenadas.

Curitiba chegou a um ponto que, além do colapso dos sinaleiros, caem árvores sobre carros, falha a distribuição de energia da Copel, param de funcionar as estações elevatórias da Sanepar, anunciando iminente falta de água.

Há também telefones celulares em pane, computadores sem luz e sem banda larga, velhinhos doentes presos no 15º andar, ambulâncias paradas no engarrafamento, bandidos fugindo no escuro da cadeia de delegacia – e isso é só o começo, esperem as chuvas de verão.

Para piorar tudo, prefeito e governador são adversários políticos e temos eleição no ano que vem.

Só saí da esquina da Carlos Pioli com Nilo Peçanha porque um motorista audaz, dirigindo uma Mitsubishi TR4, arrancou com sangue nos olhos. Resolvi seguir atrás dele. Cruzamos a Hugo Simas (sinaleiro apagado), entramos a esquerda na Alberto Gonçalves (sinaleiro apagado), atravessamos a Teffé (apagado) e a Roberto Barroso (apagadíssimo), até chegar ao precário conforto da Manoel Ribas, onde os semáforos funcionavam às 19h de ontem.

Em compensação o trânsito não anda porque em dezembro todo mundo vai jantar em Santa Felicidade.

luz

Visconde do Rio Branco, 22h30.

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