
Depois que li a placa na entrada de Sorocaba – “Sorocaba é do Senhor Jesus Cristo” – e de Leme (os mesmos dizeres, em caixa alta e baixa) entendi o que acontece: o Brasil se transforma aos poucos em uma teocracia, começando pelas Câmaras de Vereadores.
Igualzinho aos Estados Unidos, onde pequenas cidades decidiram cumprir a Biblia ao pé da letra e entregar a Jesus o governo da urbe e aos homens o governo da casa. Os pastores governantes se intitulam “nacionalistas cristãos”, mas não se ofendem quando são chamados de teocratas.
Mais detalhes sobre essa transformação do regime constitucional de baixo para cima – que prossegue nos Estados e um dia chegará à reforma constitucional – podem ser encontrados na entrevista que o pastor evangélico Douglas Wilson concedeu ao jornalista Ross Douthat, que escreve sobre religião para o New York Times e que pode ser encontrada em https://www.nytimes.com/2025/10/09/opinion/doug-wilson-america-religion-theocracy.html.
Os dois especulam sobre o que acontecerá quando o estado teocrático liberal for instalado e quais as mudanças que podem ocorrer em nosso modo de vida.
O pastor Wilson chefia uma comunidade de 3.000 fieis em Moscow, Idaho. É um líder de convicções firmes e tem boa memória. Exemplo: “Tenho saudades da época em que fiz meu primeiro sermão. O homossexualismo era proibido então; os sodomitas iam para a cadeia, junto com os falsários, os assassinos e os assaltantes de banco”.
“O secularismo é uma experiência fracassada. As sociedades precisam de um fundamento transcendental para funcionar bem”.
“A Bíblia diz que as adúlteras podem ser apedrejadas”.
“O sexo pré-marital (fornicação) é proibido. Mas não chega a ser um crime. Deve-se estudar como será punido”.
Aqui duas afirmações que o pastor Edir Macedo vai apoiar.
“Precisamos limitar o governo. Ele deve ser significativamente menor do que é – e intrometer-se menos em nossas vidas”.
“A oração será obrigatória em todas as escolas”.
A boa notícia, segundo o pastor Wilson, é que, embora Deus esteja do lado dos protestantes calvinistas, os católicos romanos e os judeus não serão perseguidos.