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Governo e política, crime e segurança, arte, escola, dinheiro e principalmente gente da cidade sem portas
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O Canadá é aqui

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vbnbnb Tire um selfie.

 

 

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Os turistas chegaram.

Vêm de Araucária, de Pinhais, do Cerro Azul.

Querem um selfie neste cenário de Primeiro Mundo, rubro de tanto outono.

Welcome to Mossungue onde a renda per capita é semelhante à da Europa.

E os moradores mais jovens vão tomar vacina contra covid em Miami.

A prefeitura informa: “Tons terrosos e vermelhos das folhas do liquidâmbar e do plátano dá cor às paisagens nas baixas temperaturas. Estas árvores são encontradas no Mossunguê, no Cabral e na Barreirinha.”

As mudas vieram da América do Norte para embelezar ainda mais o eixo leste-oeste do ônibus expresso, no ano 2000.

Mas a prioridade, mente a prefeitura, é usar mudas de árvores nativas.

Fala sério, alcaide. Alguém tem coragem de plantar uma bracatinga na  Heitor Alencar Furtado?

 

Posted on 18th maio 2021 in Sem categoria  •  No comments yet
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O PROFESSOR, ou, como a ideologia concurseira pode tornar a sociedade mais desigual

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I

 

Todo o dia o mesmo caminho. Vinha pela avenida João Pessoa, “a Menor Avenida do Mundo”, virava na travessa Oliveira Belo, famosa pelo Alvorada. Era o café onde os políticos, juízes, profissionais liberais confraternizavam e aparentemente decidiam o que ia acontecer na próxima eleição. Conhecia alguns: o professor Bento Munhoz da Rocha, os médicos Aramis e Aristides Athayde, Lauro Portugal Tavares, Máximo Pinheiro Lima, os advogados Laertes Munhoz, Salvador de Maio, este último campeão do Tribunal do Juri, onde argumentava com o Código Penal em uma das mãos e um livro de Malatesta na outra.

-Chi è povero è schiavo! – bradava com voz rouca, para iniciar uma arrasadora catilinária contra a violência da polícia e a incompetência do delegado que errou no inquérito. E do promotor que não percebeu as incongruências e produziu uma denúncia teratológica – teratológica, senhores jurados! (só havia homens no júri) – que nenhum juiz deveria aceitar.

Meu pai me viu chegando e chamou. Cumprimentei respeitoso cada um daqueles senhores. Sabia que aquele era o recreio dos poderosos. Daqui a pouco voltariam para seus conciliábulos, como escrevia o jornalista Roberto Barroso, diretor do Diário da Tarde, que acabara de passar pelo grupo. Após as maquinações (outra palavra do editorial do Diário da Tarde) um seria ministro, outro governador, outro deputado federal.

Finda a apresentação, entrei no edifício Palácio Avenida. Havia uma banca de jornais e revistas do lado esquerdo, à direita a mesa do zelador, adiante o elevador e a escada para a sobreloja. Na sala de pé direito baixo, cheiro antigo de cigarro e poeira de giz, estava o professor Joaquim, terno marrom, camisa branca, gravata com prendedor de ouro, dedos amarelos de tanto fumar.

O mestre tinha uns 50 anos, era negro como Leonidas da Silva e craque como ele. Não havia matéria que não fosse capaz de enfiar na cabeça do aluno. Tinha fama. Era uma espécie de santo Expedito, aquele das causas perdidas. Eu e ele, ou melhor, vamos ser justos, ele e eu iniciávamos a aventura de aprender em três meses toda a matéria do concurso para a Escola Preparatória de Cadetes.

 

II

 

Agora é preciso voltar um pouco para eu explicar porque lia todo o dia o editorial do Diário da Tarde. Estava viciado em novas palavras. Pelo mesmo motivo, sabia um monte de palavras e expressões usadas por Eça de Queiroz, Érico Veríssimo, Balzac: era o efeito raio-X. Explico: todo início de ano, os alunos do Santa eram obrigados a produzir um atestado de saúde. Meu exame médico deu errado. O raio-X mostrava uma alteração cardíaca. O coração dilatado, enorme, pronto para explodir.

-Descanso absoluto – determinou o doutor Benedito Amorim, meu padrinho, parteiro, tudo que um clínico bom devia ser naquela metade de século.

Nem futebol. Nem ir até o Belford Duarte ver o treino do Coxa.

-Repouso, o remédio é repouso, talvez o coração volte ao normal.

Começou um ano de sofrimento. Chegava da aula, almoçava, fazia a lição de casa – e agora? Nada. Descanse.

Peguei um gibi do Mandrake, em l5 minutos estava lido. O Super Homem, o Fantasma, Dick Tracy, tudo leitura rápida. Tinha Helena, do Machado, muito chato. Os da coleção Terramarear, todos lidos. Então minha prima Iole, professora e maior leitora da família, me emprestou O Primo Basílio. O mundo de Eça era diferente: gente de mau caráter, adúlteros em suas alcovas de seda (alcova! boa palavra), prima Luisa visitando a Escocia “com seus lagos taciturnos” (lagos taciturnos!), louca para abandonar a vida burguesa. Descobri o que é burguês na Enciclopédia. É gente como Basílio, que em apenas dois anos de Brasil “conseguiu reconstituir sua fortuna com um honrado trabalho”.

Honrado trabalho. Trabalho honrado. Tem palavras que já nascem casadas. Uma não larga da outra e as duas servem para enfeitar uma mentira. Chave de ouro. Lenda viva. Trocar farpas. Pele aveludada. (Como a de Luisa). Pensamentos lascivos (como os de Basílio). E mais: água cristalina, marido exemplar.

Então passei o ano lendo de tudo, inclusive os editoriais irados do Diário da Tarde. Descobri palavras que não estão casadas com outras. Nonada, (Guimarães Rosa). Éramos quadro, nós e nossas melancolias, (Machado de Assis). Esses caras escreviam bem. Em outros livros vi que mesmo os bons escritores às vezes vinham com palavras casadinhas. Ninguém é perfeito.

Em compensação, até em autor maldito, como aquele João de Minas, que fez livrinhos de literatura erótica, há coisa boa. Um dos personagens dele “tinha barbas duras como espinhos, e tempestuosas, abundantíssimas”. Outro “era o coronel de todas as moças e senhoras fáceis, dessas que acham até piano na rua”. Adiante aparece uma moça “que possuía um coração de arminho”.

De tudo ficou a advertência do personagem de Graciliano Ramos: ele “admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas”.

 

III

 

Dito isso, agora sim, posso sentar à mesa retangular da sala de aula do professor Joaquim. O quadro negro era mesmo negro, não branco ou verde ou digital como os modernos. Nele o professor escrevia fórmulas e mais fórmulas, que eu copiava até o dedo fazer calo.

-Não tem livro texto?

-Não. Nem apostila. Vamos escrever.

Ele ditava problemas enormes, com número infinito de incógnitas, que eu jamais vira. Eu escrevia, entusiasmado com a memória, a fluência, a elegância do mestre. Imensas definições de biologia, geografia, geometria eram escritas com velocidade cada vez maior. Os professores militares gostam de geometria, que é a base da topografia e da cartografia, do estudo das batalhas de Napoleão e Julio Cesar. Escreva e desenhe.

-Você vai ver que tudo se resume ao Teorema de Tales.

Num plano, a interseção de retas paralelas, por retas transversais, forma segmentos proporcionais, disse o Tales, um grego nascido em Mileto, que hoje é um pedaço da Turquia. Era comerciante, viajava muito para o lado do Egito, e aprendeu com os egípcios a arte do cálculo matemático.

-Um turco, um braço fixo – sugeri.

-Não, ele era grego e era um gênio da humanidade. O primeiro filósofo do mundo. Anote ai.

Peguei o caderno pensando que vinha um problema daqueles compridos.

-O homem rico nem sempre é sábio, mas o homem sábio é sempre rico.

Era bacana esse Tales de Mileto. E breve.

 

IV

 

O concurso foi numa sala da 5ª. Região Militar, na rua Carlos Cavalcanti, para trinta candidatos. Também houve concurso em Santa Catarina e para os dois estados o Exército oferecia seis vagas. Então, 6 em 60. Um em dez. Levei as questões ao professor e vimos que tinha ido bem. Quando veio o resultado, e eu era um dos seis, senti a autoestima lá no alto. Faço parte do décimo superior, do grupo dos melhores.

Grupo dos melhores?

Foi o meu primeiro contato com a ideologia concurseira. A expressão, desconhecida nos anos 1950, serve de base para o papo da meritocracia, uma grande engrupição.

Vamos lá: para que serve um concurso? Para decidir quem, pelo seu mérito, merece mandar nos outros. Veja o juiz na cidade do interior. É o homem mais importante do município junto com o latifundiário e o dono da fábrica que dá empregos. Um juiz é mais do que o prefeito, porque ele pode tirar o prefeito do cargo, até mandar prendê-lo, e o prefeito não pode tirá-lo da magistratura.

Um juiz tem um emprego para toda a vida. É a vitaliciedade. Não pode ser removido para outra cidade. E seu salário é irredutível. Uau!

O mesmo vale para um promotor público, um auditor do imposto de renda, um diplomata, um general. Não estão lá porque o pai tem dinheiro, nem porque foram eleitos pelo povo. Apenas porque tiveram um professor Joaquim, que era um invencível treinador de concurseiros.

 

V

 

No ano passado, Daniel Markovits publicou. pela Penguin Press, “Meritocracy Trap” A Armadilha da Meritocracia. Ele argumenta que, em vez de contribuir para a mobilidade social, o conceito de meritocracia é o principal obstáculo para a igualdade de oportunidades nos Estados Unidos e em boa parte do mundo de hoje. O sistema meritocrático, diz ele, é um engodo.

O livro é baseado na longa experiência pessoal do autor como professor da Yale Law School. Ele vê os EUA como um exemplo extremo de um fenômeno global. Evidências colhidas em entrevistas e pesquisa acadêmica mostram que a estrutura familiar e o sistema educacional conspiram a favor das elites, garantindo sua liderança em capital humano.

É fácil entender o argumento de Markovits. Ter uma educação de elite é mais importante do que herdar terras ou ativos financeiros porque resulta em ganhos maiores. Os filhos da elite terão pré-escola de primeira linha, bons colégios particulares para o ensino fundamental e médio, universidade de ponta, mestrado, doutorado e pós-doutorado, talvez no exterior. Tudo isso somado representa um salário de seis dígitos.

Em dólar.

Com essa supercapacitação, é normal ser convidado para assumir a direção de um grande banco, a presidência de uma multinacional ou o Ministério da Fazenda, pela ordem de importância. E continuar a fazer parte, talvez para sempre, da classe dominante.

 

VI

 

Em janeiro, chegou o comunicado oficial. Gostei de ler o resultado e foi ótimo ver meu nome no Diário da Tarde. Eu e mais cinco éramos os tais. Senti um ar respeitoso no cabo da 5ª. RM que me entregou o ofício de apresentação e a passagem de trem para Porto Alegre.

O banho de humildade viria depois.

 

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Posted on 28th abril 2021 in Sem categoria  •  1 comment
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Index, ou, porque não devíamos ler A História do Mundo para Crianças, do Monteiro Lobato, um cara que negava o criacionismo

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I

 

No canto superior esquerdo da primeira página do Missal estava escrito Nihil Obstat e, do lado, Imprima-se, assinado pelo vigário-geral.

-O que é Nihil Obstat?

-Nada a obstar. Quer dizer que não está no Index da Igreja.

-Index?

O irmão Anselmo foi ao quadro negro e escreveu:

Index Librorum Prohibitorum.

 

-É a lista de livros proibidos pela igreja.

-Ninguém pode ler?

-Ninguém.

-Se ninguém leu como é que alguém proibiu?

Uma provocação. Expulsar da aula era a consequência necessária de qualquer provocação. Mas veja o menino que perguntava: era um dos filhos do inspetor federal de ensino, o fiscal da escola.

O professor titular hesitou um segundo. Um guri de cabelo ruivo entrou na conversa.

-É verdade que Monteiro Lobato está proibido?

O irmão virou para ele.

-Está.

Não contou o motivo: Lobato defendia a doutrina evolucionista, aquela do Big Bang, contra o criacionismo, a ideia de que o mundo foi feito em seis dias e no sétimo Ele descansou.

-O que é que a Emília fez?

-Fora!

O ruivinho não era filho de ninguém conhecido.

 

II

 

Os livros do Index eram muito bons. Encontrei alguns na feira informal do Cine Broadway. O maior pulgueiro da cidade ficava no início da Rua 15 e exibia faroestes, filmes de Tarzan, de terror e seriados de Durango Kid, da Columbia, com Charles Starrett. As sessões começavam às duas e iam até às sete horas. Dois filmes e dois seriados para encher o domingo e fornecer assunto de conversa nos dias seguintes.

Na entrada os guris trocavam gibis, figurinhas e os “catecismos” de Carlos Zéfiro, pseudônimo do funcionário público carioca Alcides Aguiar Caminha, que publicou mais de 500 histórias em quadrinhos eróticas entre 1950 e 1970. Precursoras do PornHub, eram vendidas discretamente em outro canto do hall e em bancas de jornal.

 

III

 

Um dia um guri me apareceu com Cocaina, de Pitigrilli. Não deixe tua mãe ver. É um livro de sacanagem.

Não era.

Pitigrilli sabia escrever. O romance tem estrutura. O enredo bem resolvido é elegante, inteligente e perverso. O italiano era um cínico com senso de humor: “Se eu comi um frango inteiro e você não comeu nada, o relatório do governo vai dizer que cada um de nós comeu meio frango”.

Prestei atenção no Pitigrilli, no sabor amargo das histórias, onde o sexo era triste. Ou trágico. Seus livros estavam no Index. Além de escritor libertino, me explicaram, ele era judeu.

Não gostei do Marques de Sade, 120 Dias de Sodoma, um livrinho velho, cheio de ácaros e mal traduzido.

 

IV

 

Dei uma olhada na História de Ó. Não sabia que estava diante de um ícone da literatura erótica do século 20, inspirador de 50 Tons de Cinza e outros livros do gênero mommy porn.

Em História de Ó, uma fotógrafa de sucesso chamada “Ó” arranja um amante pervertido: Renê.  Por amor, aceita participar de orgias sexuais ilimitadas, submete-se aos desejos dele, que incluem práticas sadomasoquistas.

A autora usava o pseudônimo de Pauline Réage. Tratava-se de Dominique Aury, destacada intelectual francesa de 47 anos na época do lançamento do livro. Tímida, de elegância discreta, tradutora e editora, era a única mulher com assento no comitê de publishers da Gallimard ao lado de, entre outros, Albert Camus. O romance vendeu feito água, mas ela continuou em seu casulo. Só bem mais tarde, aos 86 anos, Dominique Aury admitiu a autoria do romance.

Ganhadora da Legion d’Honneur, foi apresentada ao General de Gaulle, que a homenageou:

-Já a conheço. É a famosa autora de A História de Ó.

V

 

Minha turminha lia com entusiasmo Escravas do Amor e outros folhetins de Suzana Flag.

Descobri depois que Suzana era o “eu poético feminino” de Nelson Rodrigues. Além de muito sexo em hotéis de encontros no Leblon e na Barra da Tijuca, o folhetim erótico é feito de exageros e absurdos: ataque de onça, velho judeu que mora num castelo e tem cicatriz no rosto, punhal com ponta envenenada (como no Hamlet), hipnotismo, troca de bebês, passagens secretas, herói rico que se faz passar por pobre. O estilo hiperbólico, escandaloso, foi aperfeiçoado em Vestido de Noiva e Beijo no Asfalto.

 

VI

 

Ler escondido sobre incestos, adultérios, perversões despertava um certo temor de Deus. E levantava questões práticas: qual o tamanho da punição?
Cada página era um pecado mortal? Ou apenas pecado venial? Será que é medida em anos de Purgatório, aquele lugar que tem todos os desconfortos do Inferno, só que não é eterno? Há algum tipo de dosimetria? Ler 120 dias de Sodoma, convenhamos, merece pena maior do que saborear a História do Mundo para Crianças, de Monteiro Lobato.

Objetivamente: onde está descrito o pecado de ler Lobato?

 

VII

 

Surgiu a Coleção Terramarear, Tarzan, Kim, a Ilha do Tesouro. E as aventuras do piloto Biggles, escritas pelo piloto inglês William Earl Johns. O herói voava em seu monomotor para oeste, para leste, para todos os continentes e se metia com malaios, tuaregs, todo tipo de gente perigosa, em tramas sensacionais.

Vieram as histórias de Sherlock Holmes impressas em Portugal. Policiais em ação nos subterrâneos de Londres, o caminho iluminado com lanternas de carbureto. Perseguições em carruagens pela Fleet Street ou pela Strand, com eventuais mergulhos nas aguas do Tâmisa para resgatar a prova do crime.

Façanhas que seriam relatadas pelo repórter Clark Kent, aliás, o Super-Homem. Ou por Billy Batson, que se transformava em Capitão Marvel gritando Shazan!

Os dois eram repórteres, Billy numa estação de rádio, Clark Kent no Planeta Diário, de Metrópolis.

 

VIII

 

Minha prima Iole achou um erro num livro de James Hilton chamado Adeus Mr. Chips. Uma história edificante sobre um professor de latim que dá aulas em Londres durante a guerra e mesmo durante o pior bombardeio dos alemães continua falando aos alunos. Virou filme, foi indicado aos cinco principais prêmios do Oscar de 1940. Levou o de melhor ator para Robert Donat, mas o páreo foi duro aquele ano, onde se concorria com …E o vento levou.

Logo o livro chegou à Livraria Ghignone; era da Editora Globo, tradução do Érico Veríssimo. Lá estava o erro ou melhor o cochilo, que podia ser do autor, do tradutor, do revisor e até mesmo do impressor. Difícil apontar o culpado.

Na Revista Cigarra havia uma seção, Cochilos dos Outros, que dava livros de prêmio a quem achasse cochilos na história ou na tradução. Para não se expor minha prima fez a proposta – você escreve e assina, eu fico com o livro. Mandei e foi publicado. Um amigo do meu pai comentou: muito bom o que seu filho escreveu na Cigarra.

Uau! O feito repercutiu entre vizinhos e na família.

 

Seria a glória literária chegando?

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Saiu no portal do PSTU esta crônica atualíssima do Veríssimo

O grampo da velhinha

Luis Fernando Veríssimo

Como se sabe, existe uma velhinha em Taubaté que é a última pessoa no Brasil que acredita. Ela acredita em anúncio, acredita em nota de esclarecimento, acredita até nos ministros da área econômica. Depois que foi localizada, a velhinha de Taubaté, coitada, não teve mais sossego. Todos os dia batem à sua porta querendo saber que canal ela está olhando, que produto ela está usando e se a explicação do governo sobre o último escândalo foi convincente. Ela sempre diz que foi. Algumas agências de publicidade estão incluindo no seu approach de marketing um “Velhinha Factor“, ou a questão: isto passa pela velhinha? Muitas entidades públicas e privadas mantêm a velhinha sob constante observação. Fala-se mesmo que existe em Taubaté uma unidade médica em prontidão permanente, exclusivamente para atender a velhinha em caso de mal súbito ou escorregão. Há uma convicção generalizada de que, quando a velhinha se for, tudo desmoronará. A boa saúde da velhinha interessa tanto ao governo quanto à oposição responsável. Se ela morrer – ou deixar de acreditar -, teremos o caos, que não convém ao projeto político de nenhum dos lados. Quando o Tancredo e o Figueiredo se encontrarem e um perguntar como vai a saúde, não estará se referindo nem ao outro, nem ao Aureliano. Estará falando da velhinha de Taubaté. Só a velhinha de Taubaté nos separa das trevas.

Por isto, segundo o Correio Braziliense, o SNI decidiu intensificar sua vigilância sobre a velhinha e um agente disfarçado de funcionário da companhia telefônica bateu à sua porta, há dias. Foi a própria velhinha, um pouco irritada com as constantes interrupções do seu tricô e do seu programa na TV, quem atendeu.

– Quié?

– Vim consertar o telefone.

– Eu não tenho telefone.

O agente pensou com rapidez.

– Vim instalar o telefone e depois consertar.

– Mas eu não comprei telefone nenhum.

– Deve ser presente de alguém.

– Quem me daria um telefone de presente?

– Alguém que está tentando ligar para cá e não consegue.

A velhinha acreditou. Mas pensou um pouco e decidiu:

– Se ele já vem estragado, eu não quero.

E fechou a porta. O agente entrou em contato com seus superiores. Recebeu instruções para adotar o Plano de Contingência B. No dia seguinte bateu à porta da velhinha vestido de mulher e apresentando-se como divulgadora de produtos de beleza. Apesar do bigode e da barba, a velhinha acreditou. Deixou-o entrar e enxotou um gato de uma poltrona para ele sentar.

– Estamos lançando uma linha de grampos para o cabelo e queremos que a senhora seja uma das primeiras a experimentar.

– Mmmm. São grátis?

– Absolutamente grátis. Só há algumas condições. A senhora precisa usá-los o tempo inteiro. Menos no banho, porque se molhar estraga o
transmis… Estraga o grampo.

– E se eu quiser comprar depois de experimentar, posso?

– Pode.

– Quanto custa cada um?

– Dez mil dólares.

– É um pouco salgado…

A velhinha está usando os grampos o tempo inteiro, menos no banho e todas as suas reações estão sendo gravadas e mandadas para Brasília, para análise. Houve um momento de suspense quando a velhinha, em conversa com um gato, expressou algumas dúvidas sobre o caso Capemi. Mas as dúvidas passaram e a velhinha voltou a acreditar na versão oficial. Sua pulsação é firme. Sua digestão é boa. Fora uma pequena artrite, nada ameaça sua saúde. Ainda temos algum tempo antes do caos.

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Crônica publicada originalmente na página de Veríssimo no Portal Literal. Clique aqui para visitar

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FALTA VACINA, SOBRA FILA

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hhkhkh Paróquia Santo Antonio, hoje de manhã. A foto é da TribunaPr

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Tem gente acreditando que a vacinação é rápida. E simples. E abundante.

O Luis Fernando Veríssimo descobriu, na cidade de Taubaté, uma idosa que acredita. Uma believer, na linguagem dos marqueteiros de fake news. Dizem que inspirou o grupo de rock Imagine Dragons a compor o sucesso Believerl, que diz no refrão:

Pain!
You made me a, you made me a believer, believer
Pain!

Você acha em https://www.letras.mus.br/imagine-dragons/believer/

A Velhinha de Taubaté poderia morar em Curitiba. Onde a fila é rápida, simples, boa para idosos.

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NICODEMO

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hhkhkh O símbolo da Medicina: uma cobra enrolada no bastão de Esculápio.

 

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I

 

Conheci o Nicodemo nos Jogos Universitários, promovidos pela UFPR antes da reforma de 1968, quando o ensino superior passou a ser ministrado também por empresas educacionais. Na praça Santos Andrade funcionavam os cursos de Engenharia, Direito e Medicina. Um guri do Santa me levou até o morgue da Medicina, no subsolo. E apresentou o Nicodemo, com sua bem aparada barba branca, deitado na mesa de granito.

-Por que ele é tão amarelo?

O colega tinha um irmão quase médico e sabia.

-Formol.

Havia um buraco na barriga.

-E aquele buraco?

-Tiraram o fígado para a aula de anatomia patológica.

O resto do Nicodemo estava lá. Era o mascote dos alunos por causa da aparência nobre e das histórias boêmias, que ninguém testemunhara mas a grave cirrose hepática atestava. Beberrão de vida alegre, foi transformado em patrono do time de futebol.

No estádio do Ferroviário, na Vila Capanema, jogava a Medicina com uniforme verde e branco, contra o time de Direito, de camisa vermelha. Verde e branco como o Coxa. Eu torcia e cantava o hino da Medicina.

O Nicodemo

Pla pla pla (palmas)

Da Faculdade

Pla pla plá

Tava banhado em criolina

Ina ina ina ina (bis)

Hoje acordou

Pla pla pla pla

Então gritou

Pla pla pla pla

Quem vai ganhar

É a Medicina

Ina ina ina ina (bis)

Torcida bonita, formada pelos admiradores como eu, mas principalmente por irmãos, parentes e namoradas. Muitas namoradas. As moças sonhavam casar com o grande cirurgião, o cardiologista renomado.

A turma da medicina era temida – e não só pelo futebol rude. Gente perigosa. Certo dia uma mocinha desandou a gritar no lotação da Vicente Machado. Ao abrir a bolsa para pagar encontrou, em vez do dinheiro, um dedo do Nicodemo.

O autor da brincadeira (brincadeira, chama isso de brincadeira?) era do terceiro ano, ex-namorado que saiu magoado da relação. Investigaram, fecharam o cerco, foram em cima, ele negou. A moça queimou a camisa da Medicina. Acabou noiva de um estudante de Engenharia, que não jogava futebol e tinha medo de defunto.

 

II

 

Nicodemo não estava só. Cadáver era indispensável nas aulas do professor Napoleão Teixeira, catedrático de Medicina Legal na Faculdade de Direito, que funcionava ao lado e usava as mesmas instalações. As aulas saiam da vida real. Histórias de arrepiar. Como a do desembargador do Maranhão, que, preso de ciúme mórbido por mulata ardente e bela, mata-a barbaramente, oculta-lhe o cadáver e, mais tarde, em prantos, confessa:

– Amei-a, matei-a; tornasse a viver, tornaria a amá-la, voltaria a matá-la! Não era invenção. Os tribunais do juri viviam cheios de casos assim. E lá estava, nas maõs do professor, o fac-símile do jornal O Imparcial, com a reportagem sobre o crime.

Todos os alunos, mesmo os calouros, eram doutores. “Vejam, doutores, a importância de o advogado ser capaz de distinguir um criminoso de um cidadão com surto psicopático”. E lembrava que a ciência oferecia argumentos para condenar o assassino. Ou para livrá-lo da cadeia com um diagnóstico de psicose. O Direito tem dois lados.

Aulas com casos pitorescos e crimes horrendos. Os sexuais eram relatados com minúcias. Algumas alunas ficavam desconfortáveis com a quantidade de detalhes oferecida pelo professor.

Abundat iniquitas non nocere – justificava. -O que abunda não prejudica.

Ninguém era obrigado a assistir às aulas. As dispensadas recebiam a garantia de que não perderiam a frequência. Mas também não aprenderiam, não é?  Talvez por isso, a criminalística foi durante bastante tempo território masculino. O último verso do hino do Nicodemo, que só deixou de ser cantado nos anos 1970, defendia o privilégio:

-A Medicina é papa fina, não é coisa pra menina!

Algumas aulas eram in situ, no Instituto Médico Legal. Lá estava o corpo do jovem que brigou no bar do Novo Mundo. O homicídio saiu no jornal de ontem e era a aula de hoje.

-Observem, doutores, o projetil fez um percurso de cima para baixo que pode inocentar o réu. Ele é alto, mas o suposto matador tem só 1 metro e 62. Não estranhem se a defesa levar a melhor no juri.

Anatomia Descritiva era matéria do primeiro ano. Alguns calouros passavam mal ao ver um assistente serrar a caixa craniana da vítima enquanto outro continuava comendo com apetite um sanduiche de mortadela.

Dizem que essa cena era ensaiada. O professor acreditava que não há advogado forte com estômago fraco.

 

III

 

Não sei o que diria o velho mestre ao ouvir a seguinte informação: as aulas com cadáveres estão ameaçadas.

A ciência produziu um substituto do Nicodemo, que ainda não tem nome. É chamado apenas de Visible Body (Corpo Visivel) pelo pessoal da Argosy Publishing, responsável pela produção e distribuição do Atlas do Corpo Humano em 3D.
Outros softwares simulam o corpo humano e suas patologias. Com impressoras 3D é possível imprimir um corpo com seus ossos, nervos e músculos. Custam relativamente pouco e não geram problemas éticos, nem de segurança. Dá para dizer que acabou a fase “romântica” da Medicina? Tenho um amigo médico legista que se arrepia ao ouvir essas coisas.  Picaretagem. Igual a essa tal Medicina de baixo custo, que entrega diplomas de baixa qualidade e estudantes de baixa responsabilidade.

-O que você espera de um cara que ganhou diploma em Cucui de las Palomas, onde não há residência médica e o doutor mais procurado se atualiza pela Veja Saúde?

Na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional de Córdoba fizeram a pesquisa “Cadáveres ou Computadores?”.  Nicodemo ganhou fácil.

Doutores e doutoras preferem o ensino tradicional. Só abrindo um pulmão você vê o efeito do cigarro, do amianto, da fumaça de óleo diesel. Ao olhar. alisar e apertar o fígado você entende a cirrose hepática.

Do outro lado da rua, no curso de Medicina Legal da Faculdade de Direito, há o mesmo consenso. Ninguém resolve um crime, ninguém salva um inocente da prisão perpétua com cadáver em 3D.

 

IV

 

Ia colocar um ponto final, mas lembrei do que disse meu amigo legista ao ser informado que o cadáver de computador “era absolutamente perfeito”:

-Ser perfeito não interessa; tem que ser interessante.

 

*

 

P.S. – O hino do Nicodemo é antigo e foi cantado pelos bixos (é com x mesmo) em todas as Faculdades de Medicina do país.

 Qüim qüim qüim quiririm qüim qüérum (4 x);   Oh Nicodemo [idem],  Oh Jalaô [idem],

            Oh Nicodemo  Jalaô  oba, oba  oba  oba  oba,  oba  oba   oba  oba; e o esqueleto  [idem]

            da Faculdade [idem], ‘tava guardado em  creolina, creolina, creolina, creolina, creolina;

            mas acordou [idem], e gargalhou [qua qua qua qua], e a  maior é a Medicina,  Medicina

            papa-fina, não é coisa prá menina, e a maior é a Medicina!

            

 

 

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O confessionário (pequena memória da escola)

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Perdão e penitência.

 

Eram sempre iguais as manhãs de domingo. Acordava às 7, escovava bem os dentes para não ficar com mau hálito; lavava a cara com muito cuidado, o que incluía uma incursão atrás e dentro da orelha, penteava o cabelo e corria para a missa na capela do Santa Maria.

O café era depois. A barriga ronca de fome, mas receber o Corpo de Cristo exige jejum e alma leve. Na missa gostava das parábolas, mas o sermão era aborrecido e a consagração um mistério meio antropofágico. O padre levantava a hóstia e dizia: “Accípete et mandúcate ex hoc omnes: Hoc est enim corpus meum”. No Missal vinha a tradução: “Tomai e comei todos dele, porque isto é meu corpo”.

Com voz de baixo profundo, confirmava: ia nos dar (para engolir, não mastigue) o Corpo de Cristo. Três anos e cento e tantas missas depois, a informação não causava muito impacto. Mas no início era arrasadora. Praticamente todos os alunos do Santa, em particular a turma da 4ª série (hoje 9ª) tinham consciência da própria indignidade. A salvação era improvável para almas tão corrompidas pelos pecados da mentira, da inveja, da preguiça, da luxúria.

Claro que não era a condenação eterna, reservada aos grandes pecadores. Cada um tinha sua visão particular do Juízo Final e acreditava que tudo se resolveria numa temporada de purgatório. Só que a purgação ia aumentando de tamanho – um século, dois séculos…Culpa do pecado repetido, do pecador vil, do espírito fraco, incapaz de conter baixos instintos. E porque era cada vez mais difícil alcançar o tal arrependimento perfeito. Incompetência do confessor, eu acho.

No sábado, formava-se a fila de pecadores na porta do confessionário de treliça. Chegava sua vez, você ajoelhava, via a cortina da janelinha se abrir e, lá do escuro, ouvia a voz rouca:

-Você pecou?

-Pequei, padre.

-Que pecado?

-Ah, desobedeci minha mãe, não respeitei meu avô, estudei pouco.

Aí a pergunta terrível:

-E o pecado da carne?

-Sim, padre.

-Quantas vezes?

Hesitação.

-Umas três.

A voz se tornava um sussurro ansioso – e você ouvia a parte terrível da pergunta terrível:

-Sozinho ou com os outros?

De exibido respondi:

-Com as outras.

Ganhei um terço inteiro para rezar e um conselho:

-Peça perdão à Rainha do Céu. Reze com fervor para ter um arrependimento perfeito. E reze muito à noite para vencer essa tentação.

Depois da missa havia suco, café com leite, pão e manteiga para os comungantes. E futebol no pátio.

Era mais um jogo do GESM – Grêmio Esportivo Santa Maria – contra um adversário sem nome. O Visitante. Sete contra sete no campo sem grama. O Serviço de Alto-Falantes Santa Maria transmitia a partida na voz de Colmar Rocha Braga ou Dide Bettega, trabalhos técnicos de Osny Bermudes. O público torcia na arquibancada de três degraus no lado norte do campo.

Geralmente eram partidas fáceis, goleadas históricas: GESM 9, Visitante 2. A exceção eram os jogos contra o Colégio Iguaçu, equipe formada por craques do futebol juvenil. Muitos eram ex-alunos expelidos do Santa por baixo aproveitamento escolar. Traziam broncas e mágoas de antigos professores e ex-colegas.  Davam o troco, humilhavam; exibiam dribles diferentes, habilidades adquiridas no juvenil do Coritiba ou do Atlético. Mais de uma vez o amistoso das manhãs de domingo terminou em pancadaria.

A briga começou ao meio-dia na praça Santos Andrade e eu era parte dela. Acontece que o êmulo de maio zombou da minha nota e reagi:

-Me espera lá fora.

Ele tinha hora para chegar em casa.

-Hoje não. Domingo.

Durante o resto da semana a turma elaborou uma espécie de código dos duelistas. Não vale morder, não pode atirar pedra, não traga o relógio. O código só não dizia quantos rounds a briga ia durar. O chão era de pedregulho e logo de início ralei o joelho e a cara rolando de um lado para outro. Em volta de nós um bando de garotos torcia e gritava instruções. Eles não torciam nem por mim nem pelo êmulo – torciam pela a briga.

Uma eternidade depois apareceu um senhor e mandou parar. Obedecemos aliviados por não ter que ralar mais nada. Cheguei em casa com a roupa de domingo rasgada e uma marca no rosto que durou uma semana. Felizmente o outro também estava marcado.

Agora, um minuto para contar o que é êmulo. Trata-se do método para estimular a competitividade dos alunos. Funcionava assim: todo fim de mês, o irmão titular entregava a cada um a caderneta escolar com as notas e a classificação. Tinha um menino muito alto que usava óculos e tirava dez em todas as matérias, principalmente matemática, português e ciências. Era o Primeiro. Assim, com letra maiúscula. Ganhava medalhas no fim do ano, muitas medalhas, uma para cada matéria em que brilhava.

Depois vinham o segundo, o terceiro, o quarto, já com minúscula. O irmão titular então determinava os êmulos do mês seguinte. O Primeiro ia competir com o segundo, o terceiro com o quarto, o quinto com o sexto e assim por diante. Vamos ver quem passa do outro. No mês seguinte, quem vencesse seria louvado e o derrotado mereceria um comentário complacente, a menos que caísse mais de uma posição no ranking da sala. A Federação de Boxe não faria melhor.

Os maristas abandonaram há bastante tempo essa alavanca pedagógica. Alguém descobriu que êmulo significa adversário, rival, contendor e talvez inimigo. Agora a ideia é ensinar através da colaboração. Aprender junto com os outros é melhor do que aprender com o inimigo. Meu êmulo ficou durante anos atravessado na garganta. E era um ótimo sujeito.

 

 

Posted on 27th março 2021 in Sem categoria  •  No comments yet
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A Dominium pede US$1.6 bi de indenização à Fox News no segundo processo por difamação nas eleições

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Indenização bilionária. 

 

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Está na capa do New York Times de hoje, edição eletrônica:

A rede de comunicação Fox News e seu proprietário, o poderoso Rupert Murdoch, enfrentam novo processo de difamação sobre a cobertura da eleição presidencial de 2020. É uma nova frente da batalha legal sobre a participação da mídia em campanha de desinformação e suas consequências.

A Dominium Voting Systems fornece tecnologia para a votação eletrônica, nos EUA, no Brasil e em vários outros países. Foi o centro da teoria conspiratória pró-Trump que falava em máquinas de votar que manipulavam os votos e alteravam resultados da eleição. A Domínium responsabiliza a Fox News pelos prejuízos que devastaram sua imagem e seus negócios.

A Dominium pede na justiça pelo menos 1,6 bilhão de dólares de indenização pelos danos sofridos e aponta como réus os âncoras Maria Bartiromo, Lou Dobbs e Jeanine Pirro.

Em uma petição de 139 páginas entregue à Corte Superior do Delaware, a Dominium retrata a Fox News como uma ativa disseminadora de falsas queixas sobre alteração na contagem de votos e manipulação das máquinas de votar em benefício da vitória de Joe Biden.

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Outro dia perguntaram a um jurista se o PT e o Lula podem processar e pedir indenização à Rede Globo e aos âncoras do Jornal Nacional.

-Estou estudando isso, ele respondeu.

Posted on 26th março 2021 in Sem categoria  •  No comments yet