SOL SILENTE
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Distópico.
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Aviso aos curitibanos: esse não é o “esplêndido sol silente de raios deslumbrantes” descrito por Walt Whitman em famoso poema.
É só um sol – um pobre sol no ocaso, transfigurado.
Nuvens de poeira, fumaça e gases vindas do oeste fragmentam a luz. Produzem tons vermelhos, violetas, amarelos, laranjas. Alarmes.
O espectro de luz que encanta os namorados do Bosque do Papa e assombra os ambientalistas não é só um fenômeno da ótica. É um Mal’ak. Vem anunciar um mundo sem divisões. Não mais libertos e escravos, patrícios e plebeus, lordes e servos, mestres e aprendizes, numa palavra, opressores e oprimidos. Apenas a vasta massa de sufocados na nuvem tóxica do ocidente.
Em 1953, o estrategista da RAND Corporation Herman Kahm criou o termo Megadeath para designar a eliminação de um milhão de pessoas. Alguém argumentou mais tarde que a guerra nuclear, longe de ser impensável, poderia ser uma decisão política realística para os EUA. A ideia foi debatida nos altos escalões e mais tarde nos baixos escalões até que se tornou, sob o nome de “Megadeath”, uma banda heavy metal.
Abaixo da linha do Equador, o termo não é muito conhecido. Mas as mortes em massa pela
- pandemia mal controlada,
- incêndios florestais,
- pelo envenenamento da água, do ar e do solo
somam quase uma Megamorte.
Se os bons vencerem, entretanto, Megamorte pode virar mote para um evento de hip hop.
O boletim do momento diz que o povo, bem, boa parte do povo ainda acredita em se proteger com máscaras, álcool e distanciamento.
Falta acreditar na advertência do anjo: expulsem da cidade os falsos pós-doutores de Harvard e os mestres de araque de Navarra, que negam o aquecimento, a vacina e a mais-valia.
Ou eles expulsam todos nós , os não-resignados.
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