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Trotsky. Assista com moderação

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Herói de filmes de ação ou rock star? 

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O resumo da nova série do Netflix está em PopKult, portal de propaganda soft do regime de russo.

Trotsky é uma mini-série de oito episódios sobre a vida de Leon Trotsky. Dirigido por Alexander Kott e Konstantin Statsky. O ator Konstantin Khabensky faz Leon Trotsky, reprisando um papel que ele criou e desempenhou dez anos atrás na série biográfica Esenin, dedicated to Soviet poet Sergei Esenin. Trotsky foi criado em colaboração com PP Productions of Mexico and Sreda Productions da Russia.

Apesar da distribuição internacional e de vários prêmios conquistados, Trotsky tem sido bastante criticado por imprecisões históricas e pelo tom melodramático. Em resposta, o produtor Konstantin Ernst declarou que a séria foi criada como ficção baseada na biografia do político e não como documentário.

 

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A Rússia possui uma poderosa máquina de propaganda capaz até de interferir nas eleições norte-americanas de 2016 para facilitar a eleição de Donald Trump. A série Trotsky, produzida em 2017 pelo Canal 1 pode ser assistida no Netflix e deve ser encarada como um produto da propaganda de Putin.

Benjamin Stephens escreveu no Jacobin, publicação da esquerda norte-americana: “Putin está reescrevendo a história de maneira sinistra para agradar à direita que domina a política na Russia atual.

“Em apenas 45 minutos da primeira parte, você descobre que Trotsky transmite, além de sexo e violência, um conjunto de imagens selvagemente antissemitas que vem de uma longa e tradição do pensamento reacionário russo. A série parece um casamento da política antideluviana dos aristocráticos imigrantes russos brancos com a estética populista contemporânea de Zack Snyder ou Chistopher Nolan.Mostra Trotsky como a mente que forjou a revolução por trás da figura de Lenin.”

Assim como a extrema direita contemporânea renovou-se chamando a si mesma de “populista” em oposição aos “globalistas” sustentados pelo “dinheiro do Soros”, Trotsky empacotou seu recado político em estética populista. Não se trata de um épico histórico meticulosamente elaborado como os de Eisenstein, Bondarchuk ou Tarkovsky. É uma colorida narrativa de supervilões, apimentada com toques de sexo e violência.

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Nicole Ford, in Foreign Affairs, tem uma visão parecida: “A série de oito capítulos reduz os líderes da Revolução de 17 a simples arquétipos, copiados das séries de gangsters da época de ouro de Hollywood. Lenine é o Edward G. Robison do melodrama – baixa estatuta mas cheio de ameaças megalomaníacas. Stalin tem o jeito frio, raivoso, mas controlado de George Raft. E Trotsky é uma espécie de James Gagney, capaz de tiradas épicas e atos cruéis.”

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Uma das críticas mais duras vem do World Socialist Web Site e começa pelo título da matéria: “Um degradante espetáculo de falsificação da história e de antissemitismo.”

“A minissérie é uma exposição da depravação política, intelectual e cultural de todos os envolvidos no patrocínio e produção dessa grotesca falsificação da história. Ele mistura mentiras, pornografia, anti-comunismo e anti-seminismo.”

“O regime de Stalin, que procurava se apresentar como a continuação política da revolução socialista de 1917, retratou Trotsky como agente do imperialismo britânico, do fascismo alemão e dos japoneses. O governo de Putin, que tenta se apresentar como a ressurreição da Mãe Russia, retrata Trotsky como um judeu bolchevique anti-Cristo.”

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El Pais publica matéria assinada por Maria R. Sahuquillo e David Marcial Pérez, que ouviram historiadores e o Volkov Bronstein, neto de Trotsky. Todos consideram a série cheia de invenções. “Entre as muitas falsidades que encontraram naquele roteiro: 1) que Ramón Mercader, seu assassino, era amante de Frida Kahlo, 2) que o criminoso era seu biógrafo, 3) que o assassinato ocorreu em legitima defesa.”

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The Guardian ainda não publicou nova resenha que o lançamento internacional parece exigir. Na de dois anos atrás, o correspondente em Moscou Shaun Walker citou o produtor Konstantin Ernst sobre o motivo de não escolherem Lenin para estrelar o show do centenário da revolução russa: “Trotsky era um verdadeiro rock star, e foi assim durante toda sua vida, não apenas durante a Revolução de Outubro”.

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Posted on 22nd agosto 2020 in Sem categoria  •  No comments yet

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