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Não confundir o prêmio ao talento de Waltel Branco com mais uma ação afirmativa da UFPR

Homenagem a Waltel Branco Waltel Branco, Doutor Honoris Causa da UFPR

 

A Universiade Federal do Paraná concedeu ao maestro Waltel Branco o título de Professor Honoris Causa numa bonita solenidade realizada quarta-feira no salão nobre do prédio histórico da Praça Santos Andrade.

Doutor Honoris Causa, diz o Estatuto da UFPR, “é o titulo atribuído à personalidades eminentes, que tenham contribuído para o progresso da Universidade, da região ou do  País, ou que se hajam distinguido pela sua atuação em favor das ciências, das letras ou da cultura geral.”

O reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, ao homenagear o maestro, começou bem seu discurso: historiou o longo caminho percorrido pela proposta – fruto de uma sugestão do desembargador Ney Freitas, ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Curitiba e hoje no CNJ – pelos vários colegiados e conselhos da instituição. Em todos, foi aprovada por unanimidade.

Então, o reitor mudou de rumo e referiu-se ao homenageado como figura de destaque na comunidade negra de Curitiba. Ressaltou a ênfase que a administração da UFPR dá às políticas de ação afirmativa.

Ficou a impressão de que o maestro entrou pela cota racial.

Isso, na minha opinião, indica que a proposta não foi adequadamente apresentada aos conselhos. Ou que houve ruido no debate interno e tornou-se inevitável a saida política.

Para entender o correto sentido da homenagem é bom deixar Curitiba, uma cidade complicada, e dar uma chegada, por exemplo, à Universidade de Brasília. Lá, o Estatuto é parecido. Outorga-se o título a “personalidade que se tenha distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.”

Na lista dos que receberam da UNB o título de professor Honoris Causa nos anos recentes estão dois negros.

Um é o professor Milton Almeida dos Santos, da Universidade de São Paulo. Ele recebeu também o Prêmio Vantrin Lud, que pode ser considerado o Nobel de Geografia. A Unb premiou sua valiosa contribuição à ciência.

O outro Doutor Honoris Causa é o artista Abdias do Nascimento, que foi respeitado militante do movimento negro. Recebeu o título pelo seu trabalho em prol do entendimento entre as pessoas.

E se a UNB tivesse outorgado o mesmo título a Waltel Branco? O motivo, imagino, seria um reconhecimento pela brilhante contribuição dele ao desenvolvimento das artes, como prevê  Estatuto.

Em resumo, o que se viu quarta à noite no salão nobre do Prédio Histórico da UFPR não foi uma ação afirmativa – foi a reafirmação do talento de um paranaense.

Mestre em música clássica e popular, nosso Waltel conseguiu com seu trabalho aqui e no exterior fazer as pessoas mais felizes e o mundo mais belo.

 

Posted on 21st setembro 2012 in Sem categoria  •  No comments yet

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