A Talentosa Miss Highsmith
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A edição doa Diarios em inglês está sendo vendida a 235,90. E vai se manter nesse preço enquanto o Paulo Guedes continuar lá. A Amazon avisa que o livro ainda não está à disposição dos leitores e só vai faturar no seu cartão quando colocar a encomenda no avião.
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Relegada a vida inteira à condição de autora de romances policiais, Patricia Highsmith é agora reconhecida como, segundo Gore Vidal, “uma de nossas maiores escritoras modernistas”.
Seus diários acabam de ser publicados e prometem vender uma enormidade. (Patrícia Higsmith: Her Diaries and Notebooks, 1941-1995, 999 pag, editado por Anna von Planta, com posfácio de Joan Schenkar).
Metade do interesse decorre da importância dela como escritora policial, autora da obra mais relevante desde Agatha Christie. A outra metade dos leitores é composta de pessoas curiosas em conhecer a complicada relação da Highsmith com a própria sexualidade.
Ele conta que descobriu-se homossexual (não gosta da palavra lésbica) aos nove anos e em determinado momento lutou contra isso, chegando a procurar ajuda de terapeuta. Ao mudar para Nova York, porém, encontrou identidade no ambiente queer do Greenwich Village, povoado por artistas e escritores, entre eles a fotógrafa Berenice Abbott, a pintora Buffie Johnson, e a jornalista Rosalind Constable.
Como traduzir e publicar um livro de 999 páginas é uma tarefa hercúlea e inacessível a editores menos cacifados, é provável que os brasileiros leiam antes a biografia de 258 páginas da criadora de O Talentoso Ripley. Escrita por Richard Bradford, tem em inglês o título “Devils, Lusts e Strange Desires: The Life of Patricia Highsmith”. É da Bloomsbury, Caravel.
A autora confessa-se apaixonada pela arte de assassinar pessoas. E transfere o sentimento para Bruno, personagem que criou para ‘Encontro no Trem”. A certa altura, Bruno imagina-se sendo entrevistado sobre como se sentiu matando a vítima.
-Ah, não há nada no mundo igual a isso! – declara ao repórter.
–Então o senhor cometeria outro assassinato, mr. Bruno?
-Bem, pode ser – responde com a cautela de um explorador ártico quando perguntado se ele pretende enfrentar novamente o frio do Polo Norte no próximo inverno.
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P.S. – Encontro no Trem (Strangers on a Train) foi transcrito para o cinema por Alfred Hitchcock e virou instantaneamente um clássico. É um thriller em preto e branco sobre dois passageiros que se encontram em um trem: o tenista profissional Guy Haines (Farley Granger) e o dandi psicopata Bruno Antony (Robert Walker)..
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