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O debate americano e seus temas proibidos
Analistas eleitorais e institutos de pesquisa concordam que Mitt Romney “venceu” o primeira debate com o presidente Barack Obama. Romney foi mais agressivo, levou Obama às cordas e deu ao público a impressão de que está com a razão.Falta dizer que ele mostrou energia para defender argumentos sobre alguns pontos de interesse de republicanos e democratas. Os candidatos aparentemente concordaram em deixar de lado outros problemas que afligem a sociedade americana.
No Guardian, o colunista Glenn Greenwald, que escreve cobre liberdades civis e segurança nacional, aponta os principais temas que os candidatos deixaram de debater
1. Explosão carcerária. Os EUA têm 5% da população mundial e 25% da população carcerária. Comentário: “A população carcerária é o fato central da sociedade americana, assim como a escravidão foi o fato central em 1850”.
2. Discriminação racial. Um em cada quarto afroamericanos está na cadeia. As prisões e os procedimentos judiciais que terminam em condenação são mais arbitrários e rápidos para negros e latinos do que para brancos.
3. Desequilíbrio orçamentário. O deficit orçamentário vem em grande parte dessa discriminação. O estado da Califórnia gasta mais com o sistema penitenciário do que com o sistema universitário. Um dos motivos da hipertrofia das penitenciárias é a questão da droga – tratada como caso de polícia e não como questão de saúde pública.
4. Crise humanitária. Aumentam as mortes de civis inocentes com o crescimento dos bombadeios por drones, aqueles aviões sem piloto. Eles atacam principalmente áreas do Paquistão e do Afaganistão. Os bombardeios são ordenados por Obama com a mesma liberalidade de George Bush. Com isso, cresce a má vontade com os EUA nos países muçulmanos.
A longa lista de políticas públicas altamente questionáveis prossegue com
a. o rápido crescimento da rede de vigilância sobre os cidadãos. Ninguem sabe se os dados produzidos pelo monitoramento das atividades dos americanos (mesmo as mais inóquas) estão sob controle.
b. Há acordos comerciais internacionais que resultam do desaparecimento de empregos no país.
c. E o questionamento mais antigo e gritante – por que o Departamento de Justiça de Obama recusa-se a processar os criminosos de Wall Street responsáveis pela crise financeira de 2008?
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Ministro Joaquim Barbosa
A Justiça brasileira corre perigo: ontem ouvi uma locutora de TV chamar o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, de “heroi do mensalão”.
Entusiasmada, ela acrescentou: “Temido pelos corruptos, o herói do mensalão poderá fazer do STF um verdadeiro palácio da Justiça”. É o que dá entregar o jornalismo de uma rede de TV a uma jovem analista de assuntos jurídicos. Continue reading »
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Jamais pergunte o que seu adversário sabe.
O povo quer saber o que ele não sabe.
(Conselho a Cassio Taniguchi no famoso debate
com Angelo Vanhoni – aquele do Procel)
O mesmo DNA político.
No New York Times, Michael D. Shear discute a melhor maneira de tratar o oponente durante um debate. Isso é bom. Raros políticos sabem lidar com o cara a cara.
Mas também é ruim: o eleitor tem direito a um pouco de espontaneidade.
A primeira recomendação é treinar. Neste fim de semana, Obama e Romney devem estar com seus coaches. Decidem uma questão pode valer muitos votos no debate de quarta-feira: como tratar o outro?
Será “Senhor Presidente” ou “o presidente” o modo como Romney vai se referir ao adversário ao lado? E Obama falará das políticas de quem: do “governador” do “meu oponente”?
Haverá momentos informais em que eles serão “Mitt” e “Barack”?
Milhões de pessoas assistirão aos dois homem discutindo o melhor para o país. É uma das poucas oportunidades de interação durante a campanha. Uma das coisas que o eleitor leva em consideração é essa – o respeito que dedicam ao rival.
Um dos treinadores do candidato republicano, Brett O’Donnell, explica, baseado em pesquisas, que o público espera um certo decoro dos candidatos. “O decoro começa como a forma de tratar o outro”.
O publico vai observar ainda o sorriso, o aperto de mão do início. É uma demonstração de civilidade, respeito e até amizade entre os candidatos. Não custa lembrar que quase sempre eles estiveram alinhados em algum momento da carreira política. Como na hora de declarar guerra ao Iraque ou à Al Qaeda.
Aqui, ficou celebre o debate de 2006 entre Requião e Osmar Dias na Band, com a presença de plateia. Bem próximos, sentados em banquetas, os dois chegaram a trocar olhares irritados, mas o respeito predominou.
Osmar tinha sido secretário de Agricultura de Requião e estava clara a intimidade entre eles. Durante boa parte do debate eles foram “Osmar” e “Requião”. E tudo terminou bem.
Na hipótese de termos Gustavo Fruet e Ducci no segundo turno, também será um debate entre ex-companheiros. Raphael Greca também andou ao lado de Ducci e Fruet. Ou o contrário.
O único que não fez parte desse grupo de políticos é Ratinho Junior, o mais novo na política. Isso é uma vantagem de um lado – é difícil atacar alguém com biografia enxuta. E desvantagem de outro lado, porque experiência é um bom motivo para o eleitor escolher um prefeito.
O fato de três dos quatro principais candidatos terem o mesmo DNA político ajuda a entender o Paraná e o momento eleitoral. As biografias paralelas levaram muito eleitor a procurar a “novidade”.
Será um salto no escuro? Fernando Collor também era “novidade” em 1989. Os debates do segundo turno ajudarão – mas não muito – a responder essa dúvida.
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A rua São Francisco estará restaurada em dezembro. Com mesmas as pedras da pavimentação original.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…
(Atribuido a Fernando Pessoa)
O Raphael Greca, que está subindo nas pesquisas, anda preocupado com o destino das pedras que pavimentam ruas no Centro Velho. Foram colocadas lá pelo avô Greca. Sobre algumas derramou-se uma camada de asfalto que logo virou farinha de asfalto. Em outras ruas, parece que as pedras sumiram com a renovação.
No Centro Velho, garante a Prefeitura, isso não acontece. As pedras originais continuam lá para guardar a história. Claro, com elas ficam também a prostituição e droga. Mas, qual o problema? Na região dos Halles, antigo centrão barra pesada de Paris, também remanescem prostitutas e traficantes, mas os turistas são maioria. Câmara na mão, observam as moças, a procura de uma nova Irma la Douce. Lembram do filme com Jack Lemmon e Shirley Maclaine, que Billy Wilder fez em 1963?
Se você não viu, vale ir à locadora e pegar uma copia para assistir no fim de semana. É uma comédia musical das melhores, do tempo em que ex-policiais como Nestor, o personagem de Lemmon, se apaixonavam por prostitutas, como a personagem de Shirley Maclaine. Ele era um tira tão honesto, que não aceitou os tradicionais esquemas para proteger o tráfico e o lenocínio e acabou ejetado da polícia.
Aqui, a prefeitura pode:
- Estimular o aparecimento de muitos policiais honestos para cuidar da cidade; e
- Promover o renascimento de restaurantes bacanas na região. Como o Onha, que oferecia a melhor feijoada de Curitiba.
A Confeitaria Blumenau está onde sempre esteve. E a Casa Hilu ainda vende tecido de qualidade a preço justo. E as pedras – agora mais firmes – dão dignidade àqueles caminhos.
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Hora da saudade: Beppi e sua banda em 1968. Jazz no Santa Mônica, com Fernando Montanari ao piano.
Ele tem 84 anos e cara de 70. Melhor ainda, memória de 30. Dá uma olhada na foto de uma orquestra dos anos 70 e vai identificando os músicos – nome e sobrenome – com os instrumentos, as manias, os problemas.
Giuseppe Bertollo, o maestro Beppi, fez a América, como se dizia em Padua. Chegou com dez mil reis no bolso e hoje mora ao lado do Hotel Bourbon,em um apartamento de andar inteiro, que era de um senador da República. Vai frequentamente à Itália e aos Estados Unidos. Só não viaja mais porque agenda é pesada. Continue reading »
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Malwenn, ex-mulher de Luc Besson, 36 anos, uma filha de 19. E que boca!
Polissia é um triller cheio de humanidade.
Filmaço.
Tem histórias, grandes atores, fotografia nervosa, uma edição fantástica.
E Malwenn, ex-mulher de Luc Besson, agora atriz, roteirista e diretora, tudo ao mesmo tempo.
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Milton Santos, geógrafo e sábio brasileiro.
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Waltel Branco, Doutor Honoris Causa da UFPR
A Universiade Federal do Paraná concedeu ao maestro Waltel Branco o título de Professor Honoris Causa numa bonita solenidade realizada quarta-feira no salão nobre do prédio histórico da Praça Santos Andrade.
Doutor Honoris Causa, diz o Estatuto da UFPR, “é o titulo atribuído à personalidades eminentes, que tenham contribuído para o progresso da Universidade, da região ou do País, ou que se hajam distinguido pela sua atuação em favor das ciências, das letras ou da cultura geral.”
O reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, ao homenagear o maestro, começou bem seu discurso: historiou o longo caminho percorrido pela proposta – fruto de uma sugestão do desembargador Ney Freitas, ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Curitiba e hoje no CNJ – pelos vários colegiados e conselhos da instituição. Em todos, foi aprovada por unanimidade.
Então, o reitor mudou de rumo e referiu-se ao homenageado como figura de destaque na comunidade negra de Curitiba. Ressaltou a ênfase que a administração da UFPR dá às políticas de ação afirmativa.
Ficou a impressão de que o maestro entrou pela cota racial.
Isso, na minha opinião, indica que a proposta não foi adequadamente apresentada aos conselhos. Ou que houve ruido no debate interno e tornou-se inevitável a saida política.
Para entender o correto sentido da homenagem é bom deixar Curitiba, uma cidade complicada, e dar uma chegada, por exemplo, à Universidade de Brasília. Lá, o Estatuto é parecido. Outorga-se o título a “personalidade que se tenha distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.”
Na lista dos que receberam da UNB o título de professor Honoris Causa nos anos recentes estão dois negros.
Um é o professor Milton Almeida dos Santos, da Universidade de São Paulo. Ele recebeu também o Prêmio Vantrin Lud, que pode ser considerado o Nobel de Geografia. A Unb premiou sua valiosa contribuição à ciência.
O outro Doutor Honoris Causa é o artista Abdias do Nascimento, que foi respeitado militante do movimento negro. Recebeu o título pelo seu trabalho em prol do entendimento entre as pessoas.
E se a UNB tivesse outorgado o mesmo título a Waltel Branco? O motivo, imagino, seria um reconhecimento pela brilhante contribuição dele ao desenvolvimento das artes, como prevê Estatuto.
Em resumo, o que se viu quarta à noite no salão nobre do Prédio Histórico da UFPR não foi uma ação afirmativa – foi a reafirmação do talento de um paranaense.
Mestre em música clássica e popular, nosso Waltel conseguiu com seu trabalho aqui e no exterior fazer as pessoas mais felizes e o mundo mais belo.
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Esse aí é o centro de Estocolmo.
Aqui ficam mais eloquentes os números do paradoxo suéco: a renda per capita nacional anda pelos 40 mil dólares. Uma das maiores do mundo. Mas o exército dos sem-teto é de 34 mil – e não para de subir porque todo dia chega mais gente expulsa de seus paises pela crise.
Maria Markovitz, a presidenta da Fundação de Assistência Social de lá, disse aos jornais que o governo está fracassando em suas políticas sociais.